Musashi Sensei
Musashi, quando jovem, era um guerreiro valente e audacioso, mas não sabia controlar sua força e seu temperamento. Estava sempre criando problemas e um dia foi preso. Seria julgado e talvez executado. No caminho, passou pelo templo de sua infância, e o monge Takuan o reconheceu. Insistiu com os soldados que deixassem Musashi amarrado de ponta-cabeça na árvore e sob seus cuidados. Ele dobraria a fera. Monge Takuan era confiável, amigo do senhor feudal. Assim foi feito.
Furioso, o jovem Musashi gritava para que o monge o soltasse, mas esse apenas ria debaixo da árvore. Musashi cuspia, falava de forma grosseira, mas o monge apenas ria, até que disse:
— Essa sua raiva pessoal não serve para nada. Se sua indignação fosse maior do que você, poderia sair dessa árvore.
Foi assim que o monge Takuan soltou Musashi e o treinou na arte zen do autoconhecimento para que se tornasse um dos maiores samurais do Japão.
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Nossa raiva individual, nossos insultos e gritos não são capazes de transformar a realidade. Podem apenas amargurar nossa própria vida e nossa boca.
Mas, quando sentimos uma indignação maior do que nós, podemos usá-la como alavanca de transformação do mundo. Então, não sairemos cuspindo e ofendendo. Sairemos, sim, nos comprometendo a ser a transformação que queremos no mundo – como dizia Mahatma Gandhi.
É por meio do exemplo e da vida pura que tudo pode ser modificado. Musashi Sensei treinava o uso da espada, mas agora como uma arte sutil e profunda. Passou a respeitar seus adversários — o que não fazia antes — e a dizer:
— Meu adversário sou sempre eu mesmo.
Vencer a si. Vencer os ódios e as vinganças. Vencer o medo e a fúria. Verdadeiras vitórias.
Seu último embate foi vencido não pela força, mas pela estratégia. Usou uma espada de madeira contra a espada longa de seu jovem e poderoso adversário.
O adversário talvez fosse mais hábil, mas Musashi Sensei havia vencido a si mesmo. Controlado e preciso. Centrado.
Soube colocar-se contra o sol nascente. Venceu sem matar, sem cortar e depois foi ser poeta e pintor.
Uma vida de vitórias, e a maior delas foi vencer a si mesmo, conhecendo-se e escolhendo seu próprio caminho.
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