sábado, 22 de fevereiro de 2020

Você está falando de um jeito nervoso, o que está acontecendo?

Você está falando de um jeito nervoso, o que está acontecendo?



Mudanças na voz



Embora sej a fácil escolher quais palavr as desejamos usar ao falar, é mais difícil controlar a voz. Os nossos estados emocionais afetam o modo como falamos. E, par a falar a verd ade, não somos assim tão bons para escolher as palavras como pensamos.



Tom da voz



Sem dúvida você já deve ter notado que a sua voz costum a fic ar mais alt a quando você se irrita. O tom muda. O volume também aumenta, assim como o ritmo. Quando você fica triste,é o oposto. A sua voz v em da parte posterior da garg anta, sendo mais profunda. Voc ê fala mais devag ar e com mais calma.

Há indícios de que a nossa voz é afetada quando nos sent imos culpados sobre mentir do me smo jei t o que ocorre quando estamos irritados. Começamos a falar mais rápido, mais alto e de modo mais agudo. Se estivermos nos sentindo envergonhados por precisar mentir, e não culpados, a voz será afetada do mesmo modo c omo acontece quando estamos tristes. Ficamos mais quietos, a voz diminui e a fala desace lera. Se isso for ver dade, significa que, se você observar essas mudanças na voz de alguém e não houver motivo plausível para ele de repente ter ficado irritado ou tri ste, voc ê pode considerar a possib ilidade de que ele estej a mentindo.

Mudanças na fala



Ao mentir, o modo de falar muda e a quali dade da voz também . Pausas começarão a surgir na fala, por exemp lo. Começamos a usar pausas longas ou curtas demais se comparadas aos nossos padrões de fala anteriores. Pausamos de repente onde normalmente não pausaríamos, como no meio da frase . Ou antes de responder perguntas cuja resposta deveríamos saber imediatamente. Tentamos ganhar tem po prolongando as vogais, fazendo ruídos como "ééééééé ...", "huuuuuuum...", enquanto pensamos desesperadamente em algo para dizer. O nervosismo pode causar gagueira em pessoas que não gaguejam em situações usuais.

Usamos repetições e dizemos a mesma coisa do mesmo jeito continuamente. De repente passamos a falar com frases longas, como se estivéssemos com medo do que poderia acontecer se deixássemos outra pessoa assumir a palavra, então começamos a falar com frases extensas e intermináveis, e um jeito fác il de fazer isso é usar repetições, porque assim você pode continuar

falando sem parar, dizendo a mesma coisa repetidamente sem que ninguém assuma a palavra.

Ou o oposto. Falamos pouco. De repente. Frases curtas. Com medo. Talvez... De um engano. De falar demais .

Todos esses tipos de mudanças na fala são um aviso sério de que algo está acontecendo. Você deve começar a procurar outras indicações no rosto ou na linguagem corporal.



Mudanças na linguagem



Quem mente costuma demonstrar várias peculiaridades linguísticas. A pessoa começa a falar coisas de um jeito como nunca faria em outras situações. Muitas dessas peculiar idades linguísticas são tão conhecidas que viraram clichês, porque é muito comum suspeitarmos da mentira quando as ouvimos. Elas podem até parecer transparentes ao próprio mentiroso, mas nem assim ele consegue evitar o seu uso. Muitas dessas mudanças linguísticas passam despercebidas pelas habilidades de detecção da maioria das pessoas, então é uma boa ideia aprender a ficar atento. Digressões e excentricidades



Em geral os mentirosos divagam mais e dão explicações complicadas que parecem não levar a lugar nenhum. Perguntas diretas levarão a respostas curtas, porém.

"Bem, eu acho que poderia dizer que sim, bem, quero dizer, pode ser, sim, é claro..:



A mesma coisa sempre



A mentira costuma ser pintada com pinceladas fortes, sem muitos detalhes. Se você receber um tipo de informação e fizer a mesma pergunta depois, é provável que o mentiroso repita exatamente o que havia dito antes. Quem diz a verdade provavelmente incluirá informa ções

novas ou resumirá partes do que contou antes. Lembranças não são algo que tiramos de uma caixa na mente todas as vezes em que queremos recordá-las, devolvendo -as depois. As nossas lembranças são afetadas por todo o resto que está na mente quando falamos sobre elas.

Alguém que não está mentindo, portanto, consegue enfatizar coisas diferentes todas as vezes em que conta alguma história, enquanto o mentiroso sempre diz a mesma coisa com medo de se contradizer, raramente dando detalhes . Se você pedir a alguém que está dizendo a verdade para dar mais detalhes do que antes sobre algo que fez, ele conseguirá (a não ser que a lembrança seja tão antiga a ponto de ter esquecido os detalhes). Mas isso é impossível para um mentiroso, a menos que ele construa uma mentira nova na hora. É mais ou menos assim:

"Eufiquei sozinho a noite toda.Assisti à televisão e depois fui dormir.•

Ao que você assistiu?

"tééééé... Foi ... Huuuummmm ..."

Cortina de fumaça



O mentiroso em geral tentará se proteger atrás de uma cam ada protetora de palavras vazias que impressionem, como o uso excessivo de abstrações (falarei mais a respeito daqui a pouco) ou falácias lógicas. O mentiroso costuma responder de um jeito que parece fazer sentido, mas não faz. Como Dave Dinkins, ex-prefeito de Nova York, quando acusado de sonegação fiscal: "Não cometi um crime. O que fiz foi deixar de cumprir a lei". Não diga! Ou a resposta de Clinton ao ser questionado sobre o caso com Lewinsky: "Depende do qu  significa a definição de 'é'''. Ou:

"Euposso respondera pergunta de duas maneiras, dependendo da sua visão".



Criando distânc a com a negação



O mentiroso tende a falar em termos negativos. Ele começa a definir as coisas em termos do que não são, e não do que são, o que seria o jeito normal de falar . As mentiras políticas, em especial, costumam ser formuladas como negativas, negações. Um bom exemplo é a famosa declaração de Nixon: "Eu não sou um escroque". Seria natural dizer: "Eu sou um homem honesto". Ele estava tão consciente, tão focado no que estava negando que formul ou a sua mentira em torno disso .

Se um político começar a dizer que não aumentará os impostos e não poupará na saúde etc., em vez de dizer que deseja deixar os impostos e o financiamento da saúde como estão,o que basicamente expressa a mesma ideia, e mantiver o foco linguístico no que não acontecerá,

então há motivos para duvidar dessas mudanças. Os impostos serão aumentados e a verba da

saúde será cortada. Não que isso seja motivo de surpresa. Como disse Bismarck: "Nunca acredite em nada na política até que tenha sido oficialmente negado" .

"Não estou mentindo." (ao contrário de "Estou dizendo a verdade".)



Criando distância com despersonalização



Mentirosos evitam palavras como "eu" ou "meu" ao máximo. É um jeito de se distanciar da mentira. Pelo mesmo motivo, o mentiroso também tende a usar generalizações como "sempre", "nunca•, "todo mundo", "ninguém" etc., esquivando-se de definir exatamente sobre quem ou o que está falando.

"Não se preocupe. [sse tipo de coisa nunca acontece aqui!
Criando distância com o uso do passado



Outra maneira de se distanciar da mentira é transferi-la para outro tempo e expressar o seu conteúdo no passado, não no presente. Um exemplo é a resposta comum à pergunta: "O que você está fazendo???" O mentiroso responde : "Eu não estava fazendo nadai" (e não "Eu não estou fazendo nada!")



Expressando reservas



Muitas mentiras descaradas nos filme s começam com as palavras: "Ouça, eu sei que você não vai acreditar, mas...", ou "Eu sei que parece estranho, mas..." O mentiroso que percebe estar destruindo a credibilidade em geral usa esses tipos de reservas. Assim confirma qualquer desconfiança que a pessoa possa ter, mas explica simultaneamente que ela é desnecessária. O problema é que é um je ito muito comum de encobrir uma mentira. O simples fato de que alguém expressa reservas sobre o que vai dizer em geral nos fará duvidar do que está para ser dito. O tipo mais engraçado de reserva é quando se diz logo de início que é mentira sem nem mesmo saber :

"Vou dizer uma coisa, aquilo não existe! Vou contar o que aconteceu ..."



Sofisticação linguística



É meio estranho, mas as pessoas que mentem em geral usam formas mais apuradas de disc urso do que o normal. Muitas de repente começam a usar regras de gramática e pronúncia que não seguem normalmente, suprimindo as suas gírias e abreviaturas informais favoritas . Dizem que isso acontece porque a pessoa está tensa, portanto age com mais formalidade. Acho que pode ter a ver com o fato de você desejar inconscientemente enfatizar o que está dizendo do modo mais correto possível. Isso tem relação com o conteúdo da mentira,mas vem à tona na forma pela qual você diz a mentira. A falta de verdade na mentira é exageradamente compensada pelo melhor comporta mento no sentido linguístico. Se não nos importamos secretamente com alguma coisa, mas desejamos fingir o contrário, nã o emitiremos um simples "Não, isso não me parece bom"; ao contrário, usaremos algo como:

"Acho que seria lamentável e inapropriado. •

Esticaaaaaaaaando as palavras

Formular a mentira é demorado, é por isso que surgem todas as mudanças vocais, como pausas, gagueira, vogais prolongadas etc. Isso também pode provocar um ritmo mais lento na forma de contar a mentira do que o normal, ao menos no início:

"Siiiiiim, ééééé assiiiiim, desculpe, foooooiiiii assiiiiiim ..." (Observe o distanciamento na mudança

de "é" para "foi"!)



cautela!



Cuidado com as suas conclusões



Antes de terminar este capítulo gostar ia de repetir coisas importantes nas quais um leitor de mentes precisa pensar ao tentar perceber se alguém está mentindo (ou tentando ocultar as verdadeiras emoções) . Lembre: localizar um desses sinais não basta. Tudo o que um sinal significa é que você deve ficar atento a outros sinais. Os sinais também devem ser mudanças no comportamento de alguém. Se eles aparecerem logo de início, você não pode determinar se são causados pela pessoa que mente ou se não passam de parte do comportamento natural dela.

Também é bom lembrar que os sinais que você notar não definirão se é uma mentira (falada) ou um caso de emoções reprimidas. Você precisará do contexto para determinar isso. Assim como acontece com as emoções mascaradas, esses sinais também podem ser causados por algo que nada tem a ver com o contexto envolvido. Se você conversar com um executivo que tem medo de avião, seria um erro supor que os atos falhos gestuais dele são um sinal de mentira (a menos que vocês conversem sobre aviões, é claro).

Se você captar sinais claros de que algo não está certo, aja com cautela. Dê à pessoa a oportunidade de mudar ou acrescentar informações . Não diga: "Ahá! Peguei você mentindo!", e sim algo como: "Sinto que há outra coisa que você está sentindo, algo que você não me contou". Ou "Você se importa de esclarecer o que disse? Talvez haja algo que você gostaria de explicar de outro jeito para me ajudar a entender melhor?"

Lembre-se do aikido da opinião. Se você confrontar diretamente alguém de quem desconfie e acusá-lo de mentir, provavelmente ele retribuirá com resistência e negação. Demonstre compreensão, estabeleça empatia . Descubra o que realmente está acontecendo. E, por fim, se

não tiver certeza, você sempre deve presumir que a pessoa está sendo sincera.



É óbvio que não é muito construtivo sair por aí desconfiando de que todos estão mentindo. Você aprendeu bons conhecimentos, mas a sua vida será mais tranquila se você considerar que não precisará usá-los. E algo que pode tornar a vida muito, mas muito boa é encontrar uma pessoa legal com quem compartilhá-la . O que de fato fazemos . O tempo todo. Infelizmente,

costumamos ser tão ruins para ler conscient emente os sinais de interesse dos outros (e eles tam b ém) que acabamos deixando as pessoa s escapare m o tempo todo. O próximo capítu lo ajud ará v ocê a mudar i sso.

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