segunda-feira, 11 de maio de 2020

mārgavargaḥ viṃśaḥ Maggavagga: O Caminho

  1. mārgavargaḥ viṃśaḥ
    
    mārgāṇāmaṣṭāṅgikaḥ śreṣṭhaḥ satyānāṃ catvāri padāni ।
    virāgaḥ śreṣṭho dharmāṇāṃ dvipadānāṃ ca cakṣuṣmān ॥ 1॥
    O Caminho Óctuplo é o melhor de todos os caminhos; as Quatro Nobres Verdades são as melhores de todas as verdades; a melhor de todas as coisas é ser desapaixonado: dos homens o melhor é Aquele que Vê (o Buddha).
    eṣa vo mārgo nā'styanyo darśanasya viśuddhaye ।
    etaṃ hi yūyaṃ pratipadyadhvaṃ mārasyaiṣa pramohanaḥ ॥ 2॥
    Este é o único caminho; não há nenhum outro para a purificação da visão introspectiva. Trilha este caminho, e confundirás Mara.
    etaṃ hi yūyaṃ pratipannā duḥkhasyāntaṃ kariṣyatha ।
    ākhyāto vai mayā mārgaḥ ājñāya śalya-saṃsthānam ॥ 3॥
    Ao ir neste caminho porás fim ao sofrimento. Tendo descoberto a forma de retirar o espinho da luxúria, Eu dou a conhecer o caminho.
    yuṣmābhiḥ kāryaṃ ātapyaṃ ākhyātārastathāgatāḥ ।
    pratipannāḥ pramokṣyante dhyāyino mārabandhanāt ॥ 4॥
    Vocês próprios devem esforçar-se; os Buddhas só apontam o caminho. Aqueles que meditam e trilham o caminho ficam livres dos laços de Mara.
    sarve saṃskārā  anityā iti yadā prajñayā paśyati ।
    atha nirvindati duḥkhāni eṣa mārgo viśuddhaye ॥ 5॥
    
    “Todas as coisas condicionadas são impermanentes
    - quando se vê isso com sabedoria, uma pessoa afasta-se do sofrimento. Este é o caminho para a purificação.
    sarve saṃskārā duḥkhā iti yadā prajñayā paśyati । atha nirvindati duḥkhāni eṣa mārgo viśuddhaye ॥ 6॥
    “Todas as coisas condicionadas são insatisfatórias” -
    -quando se vê isso com sabedoria, uma pessoa afasta-se do sofri- mento. Este é o caminho para a purificação.
    sarve dharmā anātmāna iti yadā prajñayā paśyati । atha nirvindati duḥkhāni eṣa mārgo viśuddhaye ॥ 7॥
    “Todas as coisas são não-eu” - quando se vê isso com sabedoria, uma pessoa afasta-se do sofrimento. Este é o caminho para a purificação.
    utthānakāle'nuttiṣṭhan yuvā bali ālasyamupetaḥ । saṃsanna-saṅkalpa-manāḥ kusīdaḥ prajñayā mārgaṃ alaso na vindati ॥ 8॥ O ocioso que não se esforça quando deveria, que apesar de ainda jovem e forte está cheio de preguiça, com uma mente cheia de pensamentos vãos - um homem tão indolente não en- contra o caminho para a sabedoria. vācā'nurakṣī manasā susaṃkṛtaḥ kāyena cā'kuśalaṃ na kuryāt । etān trīn karmapathān viśodhayet ārādhayet mārgaṃ ṛṣipraveditam ॥ 9॥
    Que uma pessoa vigie o seu discurso, a mente bem controlada, e que não cometa o mal com acção corporal. Que purifique esses três cursos de acção, e ganhe o caminho dado a conhecer pelo Grande Sábio.
    yogād vai jāyate bhūri ayogād bhūrisaṃkṣayaḥ । etaṃ dvedhāpathaṃ jñāttvā bhavāya vibhavāya ca । tathā''tmānaṃ niveśayed yathābhūri pravardhate ॥ 10॥ A Sabedoria brota da meditação; sem meditação a sabe- doria diminui. Tendo conhecido estes dois caminhos de progresso e declínio, que um homem se conduza de forma a aumentar a sua sabedoria. vanaṃ chindhi mā vṛkṣaṃ vanato jāyate bhayam । chittvā vanaṃ ca vanathaṃ ca nirvanā bhavatha bhikṣavaḥ ॥ 11॥ Corta a floresta(t) (luxúria), mas não a árvore; da flo- resta nasce o medo. Tendo cortado a floresta e o mato (desejo), sejam desapaixonados, ó monges! yāvaddhi vanatho na chidyate'ṇumātro'pi narasya nārīṣu । pratibaddhamanāḥ nu tāvat sa vatsaḥ kṣīrapa iva mātari ॥ 12॥ Enquanto o mato do desejo de um homem por uma mulher, mesmo o mais subtil, não for cortado, a sua mente está presa, como um bezerro de mama à sua mãe. ucchindhi snehamātmanaḥ kumudaṃ śāradīkamiva pāṇinā । śāntimārgameva bṛṃhaya nirvāṇaṃ sugatena deśitam ॥ 13॥ Corta o teu afecto como um homem arranca com a sua mão um lótus de Outono. Cultiva somente o caminho para a paz, o Nibbāna, assim como foi dado a conhecer pelo Excelso iha varṣāsu vasiṣyāmi iha hemantagrīṣmayoḥ । iti bālo vicintayati antarāyaṃ na budhyate ॥ 14॥ “Aqui devo viver durante as chuvas, aqui no Inverno e no Verão” - assim pensa o tolo. Ele não percebe o perigo (que a morte pode intervir). taṃ putra-paśu-sammataṃ vyāsaktamanasaṃ naram । suptaṃ grāmaṃ mahaugha iva mṛtyurādāya gacchati ॥ 15॥ Tal como uma grande enchente leva de enxurrada uma aldeia que dorme, também a morte apanha e leva de enxurrada o homem de mente apegada, delirando pelos seus filhos e gado. na santi putrāstrāṇāya na pitā nā'pi bāndhavāḥ । antakenādhipannasya nā'sti jñātiṣu trāṇatā ॥ 16॥ Para aquele que é assaltado pela morte não há protecção por parte de parentes. Nenhum pode salvá-lo - nem filhos, nem pai, nem parentes. etamartthavaśaṃ jñātvā paṇḍito śīlasaṃvṛtaḥ । nirvāṇagamanaṃ mārgaṃ kṣiprameva viśodhayet ॥ 17॥ Percebendo este fato, que o homem sábio, contido pela moral, se apresse a limpar o caminho que conduz ao Nibbāna. ॥ iti mārgavargaḥ samāptaḥ ॥

  2. O Caminho Óctuplo é o melhor de todos os caminhos; as Quatro Nobres Verdades são as melhores de todas as verda- des; a melhor de todas as coisas é ser desapaixonado: dos ho- mens o melhor é Aquele que Vê (o Buddha).

  3. Este é o único caminho; não há nenhum outro para a pu- rificação da visão introspectiva. Trilha este caminho, e confundirás Mara.

  4. Ao ir neste caminho porás fim ao sofrimento. Tendo descoberto a forma de retirar o espinho da luxúria, Eu dou a co- nhecer o caminho.

  5. Vocês próprios devem esforçar-se; os Buddhas só apontam o caminho. Aqueles que meditam e trilham o caminho ficam livres dos laços de Mara.

  6. “Todas as coisas condicionadas são impermanentes”
    - quando se vê isso com sabedoria, uma pessoa afasta-se do so- frimento. Este é o caminho para a purificação.

  7. “Todas as coisas condicionadas são insatisfatórias” -
    -quando se vê isso com sabedoria, uma pessoa afasta-se do sofri- mento. Este é o caminho para a purificação.

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  8. “Todas as coisas são não-eu” - quando se vê isso com sabedoria, uma pessoa afasta-se do sofrimento. Este é o caminho para a purificação.

  9. O ocioso que não se esforça quando deveria, que apesar de ainda jovem e forte está cheio de preguiça, com uma mente cheia de pensamentos vãos - um homem tão indolente não en- contra o caminho para a sabedoria.

  10. Que uma pessoa vigie o seu discurso, a mente bem controlada, e que não cometa o mal com acção corporal. Que purifique esses três cursos de acção, e ganhe o caminho dado a conhecer pelo Grande Sábio.

  11. A Sabedoria brota da meditação; sem meditação a sabe- doria diminui. Tendo conhecido estes dois caminhos de progres- so e declínio, que um homem se conduza de forma a aumentar a sua sabedoria.

  12. Corta a floresta(t) (luxúria), mas não a árvore; da flo- resta nasce o medo. Tendo cortado a floresta e o mato (desejo), sejam desapaixonados, ó monges!

  13. Enquanto o mato do desejo de um homem por uma mulher, mesmo o mais subtil, não for cortado, a sua mente está presa, como um bezerro de mama à sua mãe.

  14. Corta o teu afecto como um homem arranca com a sua mão um lótus de Outono. Cultiva somente o caminho para a paz, o Nibbāna, assim como foi dado a conhecer pelo Excelso.

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  15. “Aqui devo viver durante as chuvas, aqui no Inverno e no Verão” - assim pensa o tolo. Ele não percebe o perigo (que a morte pode intervir).

  16. Tal como uma grande enchente leva de enxurrada uma aldeia que dorme, também a morte apanha e leva de enxurrada o homem de mente apegada, delirando pelos seus filhos e gado.

  17. Para aquele que é assaltado pela morte não há protec- ção por parte de parentes. Nenhum pode salvá-lo - nem filhos, nem pai, nem parentes.

  18. Percebendo este fato, que o homem sábio, contido pela moral, se apresse a limpar o caminho que conduz ao Nibbāna.

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