priyavargaḥ ṣoḍaśaḥ Piyavagga: O Afecto 209-220

2. priyavargaḥ ṣoḍaśaḥ
   
   ayoge yuñjannātmānaṃ yoge cāyojayan ।
   arthaṃ hittvā priyagrāhī spṛhayedātmānuyoginam ॥ 1॥
   Entregar-se a coisas que devem ser evitadas e não se esforçar onde é necessário, quem busca prazeres transitórios e esquece o seu verdadeiro bem, inveja os que se afirmam no seu próprio bem-estar.
   mā priyaiḥ samāgaccha apriyaiḥ kadācana
   priyāṇām adarśanaṃ duḥkhaṃ apriyāṇāṃ ca darśanam ॥ 2॥
   Não busques intimidade com pessoas queridas, como também com as que não são queridas, pois não ver a pessoa que- rida e ver a que não é querida, ambos os casos são dolorosos.
   tasmāt priyaṃ na kuryāt priyāpāyo hi pāpakaḥ ।
   granthāḥ teṣāṃ na vidyante yeṣāṃ nā'sti priyāpriyam ॥ 3॥
   Assim, não guardes nada que te é querido, pois a separação do que é querido é dolorosa. Não há laços para aqueles que não têm apegos.
   priyato jāyate śokaḥ priyato jāyate bhayam ।
   priyato vipramuktasya nā'sti śokaḥ kuto bhayam ॥ 4॥
   Do encanto nasce a mágoa, do encanto nasce o medo. Não existe mágoa para quem se encontra totalmente livre de encanto, de onde então o medo?
   premato jāyate śokaḥ premato jāyate bhayam ।
   premato vipramuktasya nā'sti śokaḥ kuto bhayam ॥ 5॥
   Do afecto nasce a mágoa, do afecto nasce o medo. Não existe mágoa para quem é totalmente livre de afecto, de onde então o medo?
   ratyā jāyate śoko ratyā jāyate bhayam ।
   ratyā vipramuktasya nā'sti śokaḥ kuto bhayam ॥ 6॥
   Do apego nasce a mágoa, do apego nasce o medo. Não existe mágoa para quem é totalmente livre de apego, de onde então o medo?
   kāmato jāyate śokaḥ kāmato jāyate bhayam ।
   kāmato vipramuktasya nā'sti śokaḥ kuto bhayam ॥ 7॥
   Da luxúria nasce a mágoa, da luxúria nasce o medo. Não existe mágoa para quem é totalmente livre de luxúria, de onde então o medo?
   tṛṣṇāyā jāyate śokaḥ tṛṣṇāyā jāyate bhayam ।
   tṛṣṇāyā vipramuktasya nā'sti śokaḥ kuto bhayam ॥ 8॥
   Do anseio nasce a mágoa, do anseio nasce o medo. Não existe mágoa para quem é totalmente livre de anseio, de onde então o medo?
   śīladarśanasampannaṃ dharmiṣṭhaṃ satyavādinam ।
   ātmanaḥ karma kurvāṇaṃ taṃ janaḥ kurute priyam ॥ 9॥
   As pessoas prezam aquele que encarna a virtude e o discernimento, que tem princípios, que realizou a verdade, e que faz o que deve fazer.
   chandajāto'nākhyāte manasā ca sphuritaḥ syāt ।
   kāmeṣu cā'pratibaddhacitta ūrdhvasrotā ityucyate ॥ 10॥
   Aquele que tem como objectivo o Inefável (Nibbāna), vive com a mente inspirada (pela sabedoria supramundana), e não mais é condicionado pelo prazer dos sentidos – tal homem é chamado “aquele destinado a atravessar a Corrente”(r).
   cirapravāsinaṃ puruṣaṃ dūrataḥ svastyāgatam ।
   jñātimitrāṇi suhṛdaścā'bhinandantyāgatam ॥ 11॥
   Quando, após uma longa ausência, um homem regressa de longe em segurança, ao chegar a casa, seus parentes, amigos e simpatizantes dão-lhe as boas vindas.
   tathaiva kṛtapuṇyamapi asmāllokātparaṃ gatam ।
   puṇyāni pratigṛhyanti priyaṃ jñātibhivāgatam ॥ 12॥
   Assim como um parente dá as boas vindas à pessoa querida, da mesma maneira as suas boas acções receberão o ben- feitor que tenha partido deste mundo para o próximo.
   ॥ iti priyavargaḥ samāptaḥ ॥

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4. Entregar-se a coisas que devem ser evitadas e não se esforçar onde é necessário, quem busca prazeres transitórios e esquece o seu verdadeiro bem, inveja os que se afirmam no seu próprio bem-estar.
   
   
5. Não busques intimidade com pessoas queridas, como também com as que não são queridas, pois não ver a pessoa que- rida e ver a que não é querida, ambos os casos são dolorosos.
   
   
6. Assim, não guardes nada que te é querido, pois a sepa- ração do que é querido é dolorosa. Não há laços para aqueles que não têm apegos.
   
   
7. Do encanto nasce a mágoa, do encanto nasce o medo. Não existe mágoa para quem se encontra totalmente livre de en- canto, de onde então o medo?
   
   
8. Do afecto nasce a mágoa, do afecto nasce o medo. Não existe mágoa para quem é totalmente livre de afecto, de onde então o medo?
   
   
9. Do apego nasce a mágoa, do apego nasce o medo. Não existe mágoa para quem é totalmente livre de apego, de onde então o medo?
   
   
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10. Da luxúria nasce a mágoa, da luxúria nasce o medo. Não existe mágoa para quem é totalmente livre de luxúria, de onde então o medo?
    
    
11. Do anseio nasce a mágoa, do anseio nasce o medo. Não existe mágoa para quem é totalmente livre de anseio, de onde então o medo?
    
    
12. As pessoas prezam aquele que encarna a virtude e o discernimento, que tem princípios, que realizou a verdade, e que faz o que deve fazer.
    
    
13. Aquele que tem como objectivo o Inefável (Nibbāna), vive com a mente inspirada (pela sabedoria supramundana), e não mais é condicionado pelo prazer dos sentidos – tal homem é chamado “aquele destinado a atravessar a Corrente”(r).
    
    
14. Quando, após uma longa ausência, um homem regressa de longe em segurança, ao chegar a casa, seus parentes, amigos e simpatizantes dão-lhe as boas vindas.
    
    
15. Assim como um parente dá as boas vindas à pessoa querida, da mesma maneira as suas boas acções receberão o ben- feitor que tenha partido deste mundo para o próximo.