domingo, 29 de julho de 2018

Paz interior: o poder do pensamento positivo, mindfulness e da meditação na neuroplasticidade


O terceiro campo de perfeição do Caminho 3T é a paz interior, e isso se refere à habilidade de criar harmonia e equilíbrio interno por estar ciente de suas emoções, motivações e desejos e por estar com os mesmos sob controle. O tipo de emoção que você está experimentando afeta sua paz interior. Negatividade em geral e emoções ruins, tais como ira, frustração, depressão, vergonha e desespero, impedem que você experimente paz interior. Motivar-se por ganância, ciúmes, inveja, luxúria, etc. e cultivar desejos por ganho material e reconhecimento também impedem que você consiga paz interior, tirando você do aqui e agora e fortalecendo seu paradigma da fantasia. Pelo cultivo meticuloso de positividade e boas emoções, tais como empatia, entusiasmo, alegria e gratidão; por se motivar com gentileza e sabedoria, e por desejar crescimento e bem-estar, você pode manter um estado de paz interior. Meditação é um componente-chave para se obter um estado de paz interior e é uma prática que deve ser realizada diariamente como parte do Método 3T, encontrado no fim deste livro.


Primeiros Passos


Conforme você pratica mindfulness, você se torna ciente de sua mente. Conforme você se acostuma a observar sua mente, você desenvolve uma percepção de suas emoções, motivações e desejos. Quando você experimenta um sentimento, seja ele júbilo, contentamento, ira ou ciúmes, você deve investigar mais a fundo. “Por que estou sentindo isso?” Até mesmo sentimentos positivos podem se basear em princípios negativos. Por exemplo, você pode estar se sentindo entusiasmado porque você acabou de atualizar sua lista de felicidade condicional e está sentindo aquele ímpeto de expectativas futuras ilusórias. Nesse caso, quanto mais cedo você interromper a fantasia e trazer seu foco de volta para o aqui e o agora, para o seu dharma, melhor. E se é negativo – digamos, ira –, certamente merece uma investigação aprofundada. “Por que estou irado?” Provavelmente porque aconteceu algo para despedaçar sua ilusão de que a felicidade depende de alguma situação externa. Talvez você tenha pensado que sua felicidade dependia de todos tratarem você muito bem, e alguém decidiu ser rude com você ou enganá-lo.

O primeiro passo é simplesmente estar ciente. Você não deve viver apenas a emoção. Você deve observá-la, compreendê-la e encontrar sua verdadeira causa. Acostume-se a rastrear suas emoções. Então, tanto quanto você possa, vá a fundo em busca do que as está causando. Rastreie o que está motivando você. Por que você está fazendo determinada coisa? Por que você está dizendo determinadas palavras? Idealmente, você deve se motivar pelo dharma, mas é isso que está acontecendo? Você está agindo pelo desejo de recompensas futuras, caindo na armadilha do paradigma da fantasia? Ou pior, está agindo pelo ímpeto criado por emoções negativas, como raiva, inveja, desonestidade, ganância ou luxúria? 

É uma experiência incrível aprender mais sobre si mesmo. Estar ciente do que move você. É claro que a maioria das pessoas tem muito medo disso também. Mas você não precisa temer. Você não é tão ruim assim. Em todo caso, como você poderia ser feliz sem saber quem você realmente é? Como você quer encontrar a verdade, quando você não quer aprender a verdade sobre suas próprias ações e seus próprios sentimentos? Então, não seja preguiçoso, não tenha medo. Olhe para dentro e comece a tomar as rédeas de suas emoções, desejos e motivações.

Removendo as Ervas Daninhas


À medida que você avança, você pode começar a assumir cada vez mais o controle. Você pode se tornar o jardineiro do jardim de sua psicologia. Você pode lentamente podar emoções, desejos e motivações que sejam negativos e destrutivos. Você pode encorajar o crescimento de pensamentos positivos e emoções amorosas. Você pode reforçar seu foco e apreciação por agir em sua verdadeira natureza, no seu dharma.

E por que você deveria fazer isso? Pela simples razão de que o verdadeiro você não tem nenhuma ligação com egoísmo, cobiça, luxúria, cólera, ciúmes, inveja, loucura e temor. Tais coisas são as ervas daninhas. Elas trazem sofrimento para você e sofrimento para o próximo. Neste caminho, você está procurando pelo verdadeiro você, e você quer viver a vida como uma expressão divina do verdadeiro eu. Na tradição do yoga, é dito que essas são as coberturas da alma. Usamos o termo “anartha nivritti”, que, traduzido literalmente, significa: “pegar o caminho que dá as costas para o imprestável”.

Quanto mais você é auto-observador, mais você consegue se encarregar dessas influências indesejáveis antes que afetem suas palavras ou ações, assim como um bom jardineiro removerá as ervas daninhas antes que mudem a aparência do jardim.
À proporção que você experimente a alegria de reduzir ou bloquear essas emoções negativas, dando espaço para o seu verdadeiro eu, estados mentais recompensadores e positivos surgirão e você se sentirá cada vez mais em harmonia e em paz.
Levando o Lixo para Fora

Uma vez que você consiga um nível de domínio sobre suas emoções, desejos e motivações atuais, você pode, pouco a pouco, buscar antigas experiências e velhos sentimentos que estão pedindo por sua atenção, os quais estejam afetando negativamente quem você é e como você se comporta hoje. A vida é uma bagunça, e tendemos a acumular lixo emocional em nosso inconsciente. Infelizmente, esse lixo não vai embora por conta própria. Ele permanecerá lá, apodrecendo bem dentro de você. Se for algo significativo o bastante, pode afetar seriamente a maneira como você se comporta no momento. Pode estar afetando sua relação com sua esposa ou com seus filhos, ou com seus pais. Pode estar afetando o seu trabalho. Muitas pessoas estão convencidas de que questões emocionais antigas podem causar doenças e se curaram de doenças graves ao se libertarem das emoções em questão. E do ponto de vista da autorrealização, se você se mantém apegado a algum trauma emocional antigo, parte de sua identidade ficará presa a essa versão traumatizada de si mesmo, e você não conseguirá crescer.

Aprendi que, por simplesmente ser sincero comigo e por observar minhas emoções, posso encontrar questões emocionais antigas e arraigadas, com as quais preciso lidar. Essas questões deixam rastros que você pode seguir. Por exemplo, você pode ficar ansioso ou experimentar outros sentimentos negativos quando lida com determinado membro familiar ou em certas situações específicas. E você nota que isso vem à tona repetidamente, de tempos em tempos. Considere que isso é a primeira pista em sua investigação do mistério. Seja absolutamente honesto com você mesmo. É seu espaço interno pessoal – não é preciso esconder algo. Admita todas as suas falhas e deficiências, mas também seja corajoso o bastante para admitir falhas e deficiências naqueles com quem você tem uma grande dívida de gratidão, como seus pais. Nossos problemas emocionais profundos são, com frequência, com aqueles mais próximos de nós e mais importantes em nossa vida. Os pais, os filhos, o esposo ou esposa, ex-marido ou ex-mulher, irmãos e assim por diante. Algumas vezes, você foi o culpado. Você se comportou de uma maneira vergonhosa e você precisa aceitar isso e, possivelmente, retificar a situação. Algumas vezes, você foi “a vítima”, e você tem que superar isso, perdoar, esquecer e parar de se sentir uma vítima.

É claro que há milhares de terapeutas e terapias por aí que podem ajudar você nesse processo também, caso você sinta que são coisas demais para você sozinho. Recomendo que você abandone qualquer preconceito em relação a buscar pela ajuda de profissionais da esfera de saúde mental. Assim como você não se constrange ao buscar por um médico quando você tem dor no joelho, você não deve pensar duas vezes antes de buscar aconselhamento profissional para ter uma saúde emocional melhor. Não existe absolutamente vergonha alguma em buscar por auxílio profissional.
É engraçado como essas emoções trabalham como armadilhas ocultas. Em geral, tudo o que você precisa para se proteger contra elas é descobri-las. Apenas jorre a luz de sua consciência sobre elas. Apenas aceite que estão ali e jogue fora. Estar ciente delas é, com frequência, tudo do que se precisa. Por fazer isso, a emoção perde o poder de afetar você em segredo, em seu inconsciente. Algumas vezes, ela ainda pode afetar você por algum tempo, mas, uma vez que você está ciente de seu peso, você pode compensá-lo conscientemente. Portanto, não tenha medo da sua sombra. Vá fundo, seja corajoso e leve o lixo para fora.

Basicamente, o segredo é sempre reconhecer a emoção e deixá-la ir. Você não deve nem ignorá-la nem enterrá-la, tampouco se identificar com ela ou se apegar a ela. A vida é um fluxo constante. As coisas vão e vêm. Se você consegue lidar com suas emoções dessa maneira, você permanecerá emocionalmente saudável.

Neurociência 

Há desenvolvimentos empolgantes no ramo da neurociência confirmando verdades espirituais antiquíssimas da tradição do yoga. A ciência agora está provando a efetividade e o poder da meditação, do mindfulness e pensamento positivo. Também está provando a própria base da tradição do yoga: que você tem o poder incrível de mudar seu estado de consciência para aprimorar imensamente sua vida.


O termo utilizado em neurociência para abordar essa habilidade que temos de mudar é neuroplasticidade. Basicamente, o que isso significa é que seu cérebro pode literalmente ser alterado. Eles gostam de usar o termo em inglês “rewire”, que significa “refazer a fiação”, porque o cérebro pode ser comparado a um complexo sistema eletrônico, com informações fluindo por toda parte, em diferentes regiões do cérebro. Certas práticas simples, incluindo meditação, mindfulness e algumas técnicas que apresentarei abaixo, mudam “a fiação” do cérebro. Parte da experiência de sentir de maneira diferente a partir de práticas adaptadoras, como as recomendadas neste livro, é que seu cérebro literalmente se torna diferente por causa delas. Em outras palavras, você pode aprimorar seu cérebro para ter uma vida melhor.


O yoga sempre falou sobre essas mudanças por milhares de anos. Yogis praticantes experimentaram isso e deram testemunhos sobre esse poder de mudar. Ainda assim, é empolgante e encorajador ver a ciência, em sua modalidade exata e rigorosa, provando isso. Eu, pessoalmente, considero que essas descobertas no campo da neurociência ajudarão a promover o ancestral caminho do yoga ao patamar que merece no mundo, como um sistema avançado e incrivelmente poderoso para propiciar enorme bem-estar e iluminação. Cada vez mais, ficará claro para a humanidade como um todo que não praticar essas técnicas é algo equivalente a deixar de escovar os dentes ou deixar de passar fio dental – uma falta de cuidado pessoal bizarra e imprópria, com resultados detestáveis.


A Amídala e Seu Córtex

A neurociência também identificou informações importantes sobre o que faz cada parte do seu cérebro, um conhecimento que pode auxiliar você a lidar com suas emoções mais negativas. Existe uma parte do seu cérebro chamada córtex. Trata-se dessa grande parte enrugada, acinzentada e localizada no topo da cabeça, que é a maior parte externa do cérebro. Seu pensamento consciente e planejamento acontecem ali. Quando você está raciocinando, você está usando essa parte do cérebro. Entre muitas outras partes, você tem duas pequenas partes em forma de amêndoas chamadas “amídalas”. Simplificando, gosto de usar o termo “cérebro animal”. Acredito que isso ajuda a ver isso nesta dicotomia: seu cérebro humano e racional e seu cérebro animal e irracional. Não é uma simplificação muito imprecisa: muitos animais, inclusive peixes, possuem amídalas.



Seu cérebro animal o ajuda a sobreviver. Você provavelmente já ouviu falar da resposta “luta ou fuga”. Quando em perigo, sua amídala ativa essa resposta, preparando você para combater o perigo ou correr dele. Mais precisamente, há uma terceira resposta automática, que é ficar paralisado (pense em veados ou coelhos diante dos faróis de um carro). Tecnicamente, então, são três respostas que podem partir da amídala. Aparentemente, em termos de “fiação bruta”, temos que agradecer à amídala pelo medo. Em alguns casos bizarros de dano à amídala, uma pessoa se torna completamente destemida, o que é muito disfuncional.


Quando quer que você sinta seu coração disparar, sua pressão sanguínea subir e adrenalina ser liberada no seu sistema, saiba que é sua amídala em ação. É a parte animal do seu cérebro preparando-se para um enfrentamento ou para uma fuga veloz. Ela está detectando algum grande perigo. Isso é magnífico quando de fato existe um grande perigo, como, digamos, uma cobra, um carro vindo em sua direção, um cão agressivo que escapa ou um criminoso prestes a assaltá-lo. O problema, entretanto, é que a amídala continua disparando dessa maneira em situações modernas muito triviais, como uma apresentação para clientes, uma reunião com o patrão, uma filha adolescente nervosa ou uma conversa desagradável com seu pai ou com sua esposa. Você não precisa de um batimento cardíaco acelerado e mais adrenalina e pressão sanguínea para essas situações. Não é preciso luta ou fuga, nem ficar paralisado. Então, na maioria das vezes, nos dias de hoje, a amídala está disparando em horas erradas, pelos motivos errados.

E isso ainda pode piorar. Sua amídala tem o poder de superar seu córtex. Você talvez tenha experimentado isso em sua vida. Você responde a uma ameaça antes mesmo da chance de pensar sobre ela. Mais uma vez, isso é ótimo quando existe um evento que ameaça sua vida, pois uma reação em uma fração de segundo pode ser a diferença entre viver e morrer. Por outro lado, isso é muito ruim quando o que está ativando sua amídala são eventos corriqueiros no seu escritório ou em sua casa.


Ansiedade e ira podem sair de controle. 


Quando você se torna irracional em virtude de ansiedade e ira, é sua amídala disparando e sobrepujando seu córtex. É por isso que é inútil tentar apresentar lógica e argumentos para alguém tomado de forte raiva, medo ou ansiedade. O córtex de uma pessoa nesse momento está basicamente desligado, de modo que não há ninguém para responder à racionalização. E, nessas situações, você não consegue nem mesmo raciocinar consigo mesmo.

Outra característica fascinante (e potencialmente debilitadora) da amídala é que ela possui uma memória própria, literalmente armazenando informações em diferentes partes do seu cérebro à parte de suas memórias conscientes regulares. A amídala registrará, de maneira mais ou menos aleatória, uma sensação quando você tiver uma experiência traumática ou dolorosa. Então, essa sensação, quando vem à tona mais uma vez, ativa a amídala, causando ansiedade, batimento cardíaco acelerado, pressão sanguínea alta ou até mesmo uma crise total de pânico. Catherine Pittman e Elizabeth Karle, em um livro[2] sobre o assunto da amídala e como lidar com ansiedade, pânico e preocupações, citam um exemplo clínico de uma mulher que, depois de ter sido vítima de um estupro, experimentava fortes crises de ansiedade sempre que sentia o cheiro do perfume que o estuprador estava usando. Outro exemplo clínico citado foi de um veterano da guerra do Vietnã que, após décadas afastado de combates, começou a ter fortes crises de ansiedade pela manhã. Posteriormente, ele descobriu que sua esposa comprara a mesma marca de sabonete que ele utilizava no Vietnã, e sua amídala estava respondendo a isso por temor ao seu banho matinal.


Lidando com Ira, Medo Irracional, Preocupações e Ansiedade

Recomendo que, sempre que você sinta uma resposta fisiológica a emoções, você rapidamente reflita sobre a situação. Basicamente, se você não está em uma situação de luta ou fuga, ou está apenas se divertindo em alguma atividade empolgante, você não quer que seu coração dispare, que haja uma descarga de adrenalina, etc. Lidar com um cliente difícil ou colega problemático no trabalho?

 Definitivamente não é a hora de perder o controle do seu córtex e se preparar para uma luta ou uma fuga. Exasperar-se com um comportamento ruim do seu filho? Definitivamente, não é a hora de se preparar para uma batalha. Aguardando pelo resultado de uma prova ou a resposta de um cliente? Definitivamente, há não nenhuma utilidade em subir a pressão sanguínea.

Você tem problemas com irritabilidade? Alguma vez perdeu o controle da razão, fez algo sob influência da raiva e, depois, se arrependeu? Sua amídala assumiu o controle do seu córtex. É por 

isso que você não consegue acreditar que fez algo tão estúpido. Na verdade, você não estava mais no controle.
Isso não significa, entretanto, que você não é responsável ou que você não pode fazer algo em relação a isso.
O que você pode fazer é desarmar a bomba chamada amídala antes que ela exploda. Conforme pratica a constante observação de seu estado mental, esteja ciente dos sinais que indicam que sua amídala assumirá o controle. Tão logo você experimente batimentos cardíacos acelerados e um aumento da pressão sanguínea, tome medidas imediatas para dominar sua amídala.
Como você acalma uma amídala em completa atuação? A neurociência demonstra que duas coisas são muito efetivas: respiração regular e lenta, e relaxamento muscular. 

Recomendo que você simplesmente faça uma pausa, pare de discutir, pare de se preocupar, ou até mesmo saia da sala onde o problema está acontecendo. E respire. Respire profunda e lentamente. Relaxe seus músculos, se solte. Deixe seu corpo acalmar-se, deixe sua amídala saber que você não está enfrentando um leão, senão que você está simplesmente lidando com assuntos de família ou trabalho. Tire sua amídala da equação. E, graças à neuroplasticidade, você tem, sim, o poder de refazer a fiação do seu cérebro, ajustar a resposta de sua amídala.

Esta informação pode ser incrivelmente poderosa. Basicamente, você pode e deve estar em completo controle de suas faculdades, com batimentos cardíacos, respiração e pressão sanguínea em cadência equilibrada em todos os momentos fora da situação muito rara de perigo físico real. Se você está em uma situação sem risco físico verdadeiro, você tem que respirar e relaxar seus músculos para desativar conscientemente seu cérebro animal. Essa será a chave para superar muitos momentos de ira, medo, preocupação e ansiedade, que podem ser estados mentais muito desprazerosos e perturbadores.

Técnica Simples para se Tornar Positivo

Muito se fala sobre “ser positivo”. Obviamente, um estado mental positivo é preferível a um estado mental negativo. Em um, você se sente feliz e entusiasmado; no outro, deprimido ou ansioso. Algumas vezes, porém, pode parecer um papo new age. Pode parecer artificial simplesmente “se tornar” positivo.

Bem, acontece que não é nada sem sentido. Trata-se de uma meta muito real e alcançável, e existe uma técnica simples que realmente mudará o formato do seu cérebro, o reorganizando para que seja mais positivo. 

Neuroplasticidade: seu cérebro literalmente muda quando você muda sua perspectiva e seu comportamento.

Aqui está uma técnica simples, comprovada pela neurociência e explicada por Dr. Rick Hanson. Eu mesmo a pratiquei e a ensinei a outros com grandes resultados. Ao longo do dia, você provavelmente encontrará coisas boas: um belo nascer do Sol, um sentimento de satisfação enquanto está no chuveiro, o prazer de uma boa noite de sono, um “bom dia” especialmente agradável, um aroma prazeroso de uma padaria, um momento alegre com um amigo, com seu esposo ou filho, sentar-se confortavelmente no carro, etc. Normalmente, experimentamos essas coisas de maneira superficial e rápida e, então, mudamos para outra coisa. Contudo, o segredo é realmente interiorizar a experiência, fazer um esforço extra para registrá-la. Incrivelmente, tudo o que você precisa é de cerca de vinte segundos de contemplação. Vinte segundos de deixar essa experiência positiva “entranhar”. O termo diz tudo: “Entranhar”. Deixe que entre fundo em sua consciência. Faça isso tanto quanto seja capaz. Quanto mais o fizer, mais se tornará natural. Esses momentos muito positivos se acumulam e fazem de você mais positivo de maneira geral, literalmente mudando o formato do seu cérebro.
Esse mesmo princípio pode ser utilizado para qualquer experiência positiva de segurança, satisfação, aceitação, felicidade e paz. O segredo, como eu disse, é afinar-se com esses sentimentos e, então, deixar que se entranhem em você.
Por absorver momentos positivos, você se torna mais positivo. Por se tornar mais positivo, você absorve mais momentos positivos. Uma técnica simples e bonita.

Querer e Desfrutar São Muito Diferentes

Querer é parte do paradigma da fantasia. Sim, existe algum prazer em desejar; o prazer da expectativa de uma satisfação no futuro. Contudo, isso é venenoso. Com esse prazer, vem o sofrimento. É como o ignorante prazer de se embebedar. Com ele, vem uma ressaca e horas de comportamento tolo ou pior do que isso. O querer levará sua mente para o futuro, o deixando agora com um sentimento de incompletude, insatisfação e infelicidade. 

Quanto mais intenso for o seu querer, mais você estará sujeito a ansiedades, temores e raiva. Existe um ditado famoso, que poderá ajudá-lo a se situar: “Você não é mais rico se você tem mais, mas se você quer menos”. Quanto menos você quer, mais contente você está e mais paz você sente. Não querer não significa que você não planeja. Planejar e buscar por coisas importantes é outra coisa. Você pode planejar e viver o aqui e agora, focado no seu dharma. Você pode celebrar coisas importantes aqui e agora. Estamos tão acostumados a querer a todo momento que, algumas vezes, duvidamos que podemos viver sem isso. Consideramos que a vida será vazia caso não estejamos sempre cheios de desejos para o futuro. É como se tivéssemos nos viciado ao prazer barato de querer, apesar de doloroso ao fim. Contudo, quando nós gradualmente modificamos nosso paradigma da fantasia para a realidade da vida, podemos descobrir o verdadeiro prazer de desfrutar da vida agora mesmo. Um prazer que não vem com efeitos colaterais. 

Usando a técnica mencionada acima de deixar os bons momentos se entranharem, você aprenderá, sem dúvidas, como desfrutar da vida no presente. Os atos mais simples, como fazer um lanche ou olhar para um lindo céu azul, podem se tornar uma fonte de prazer mental. Você pode aprofundar isso cada vez mais, experimentando profunda felicidade com experiências diárias comuns e, é claro, com a realização do seu dharma. De fato, a meta final deste caminho é ter comunhão com o divino a todo momento, experimentando uma bem-aventurança crescente em decorrência disso.
Em vez de querer, traga seu foco para o presente e encontre satisfação aqui e agora, tanto quanto você consiga, tantas vezes por dia quanto você consiga. Aos poucos, sua mente, e seu cérebro também, mudarão.

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